Dezembro, o mês que por artes mágicas, pelo negativo e pelo positivo tudo acontece...
Como já falei, desde os jantarinhos á troca de presentes, são actos, que tal como uma bola ou o azevinho, estão na árvore, estáticos e sem luz.
É com alguma dor que assisto a algum carnaval nesta altura do ano. O teatro da vida acentua-se e a mágoa, a observação, o desalento...
Quando saí da empresa, onde estive 19 anos e que continuo a amar, avancei com um projecto pessoal e em paralelo comecei a fazer voluntariado na "ajuda de mãe".
O meu processo de aprendizagem na "ajuda de mãe" foi muito intenso. Fiz feiras, vendas de Natal, peditórios, entreguei cabazes a famílias, dei aulas e ajudei no berçário.
Durante 18 meses, semanalmente as minhas actividades eram no berçário, os "meus meninos" desejados pelas mães, eram os príncipes de tudo...no carinho com que lhe dava o leite, no adormecer...
Para um natal, onde a criança deveria ser o "menino Jesus" parte do poema de
Augusto Gil
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança
descalcinhos, doridos…
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!…
Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim
!Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!…
Porque padecem assim?!…
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
e cai no meu coração
Mas as crianças...Senhor...
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